A edição deste ano do ‘Madeira 7 Talks’ dá voz a duas activstas. Ramia Ghunim e Valentyna Chan, mulheres cujos percursos de vida estão intimamente associados às lutas de países dilacerados pelos horrores da guerra, são as duas mais recentes confirmações do evento que sobe ao palco no dia 5 de Novembro, no Nini Design Centre, prometendo sete diálogos improváveis sobre os temas mais quentes da actualidade.

Valentina Chan tem quarenta e três anos e é a representante na Madeira da Associação de Ucranianos em Portugal. Veio para a região com apenas dezoito anos para jogar ténis de mesa. Todavia, aprofundou e expandiu os seus laços à Região, formando-se em Biologia, na Universidade da Madeira, construindo família e adoptando a Madeira como a casa onde já vive há mais de vinte e cinco anos. A juntar a isto, abraçou também o desafio da vida empresarial, sendo a proprietária de uma loja de roupa para crianças.

Já Ramia Ghunim é natural de Damasco, a bela capital de uma Síria então ainda de pé. Formada em Engenharia, assim como o marido Alan Ghunim, foi obrigada a deixar o seu país numa altura em que a guerra civil ganhava contornos de insustentabilidade, não só para criar uma família num ambiente salutar e de paz, como para desenvolver as capacidades e oportunidades profissionais legítimas de quem, no auge da idade, procurava essas mesmas oportunidades.

É então que Portugal se lhes depara como destino viável e prometedor, e em alguns aspectos semelhante a tantas realidades sírias, como a fisionomia do povo, o clima ameno, a dieta mediterrânica, a hospitalidade. E é precisamente em Lisboa que se dá o ponto de viragem para esta família de sorrisos e pacificações, deixados que tinham sido para trás os bombardeamentos, a destruição, a insegurança, o medo.

Ramia Ghunim, por ser cozinheira de mão cheia, deixa de lado a engenharia informática e abre com o seu marido o ‘Taybbeh’, único restaurante em Portugal exclusivamente dedicado à gastronomia síria. E que gastronomia! Um espaço de amor, de recomeço, de esperança, de bom gosto e de dedicação.

A residir há seis anos em Portugal, Ramia é o exemplo de superação, de futuro e de uma mulher que ocupa um lugar cimeiro nos exemplos de como recomeçar uma vida depois de, ao terem deixado a Síria e terem passado pelo Qatar na busca de um lugar para ficar, acabarem por pousar em Portugal como se fosse para sempre a sua casa. Porque já o é.

Foi também a parte da comunidade síria refugiada no nosso país que Ramia deu a mão ao contratar mulheres sírias para a cozinha. E durante os tempos de pandemia foi o seu restaurante que também preparou refeições para os médicos que andavam numa luta permanente entre a vida e a morte da nossa população. Ramia Ghunim é uma figura incontornável, doce, serena e absolutamente imprescindível na edição do ‘Madeira 7 Talks’ em que a mulher é o tema central.